São-Tomé, 10 Mai 2024 (STP-Press) – O primeiro-ministro, Patrice Trovoada, disse sexta-feira, (10), que “Portugal não tem razões para estar preocupado” com acordo militar entre São Tomé e Príncipe e a Rússia, assinado em Abril último na cidade de São Petersburgo, Rússia.
O primeiro-ministro fez esta declaração, quando abordado pela imprensa a propósito das reacções das autoridades portuguesas, nomeadamente do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel acerca do acordo militar assinado entre STP e a Rússia.
Patrice Trovoada participava na abertura oficial dos exercícios militares Obangame Express 2024, em São Tomé, com presença da marinha portuguesa, através do navio “Centauro”, e dos navios de guerra do Gabão, Camarões, Guiné-Equatorial, de alguns países europeus e do Brasil, com participação também de militares norte-americanos, no âmbito do acordo militar para a segurança do Golfo da Guiné contra a pirataria marítima.
“Acho que não há razões nenhumas para preocupação,… é um acordo normal, habitual que existe com vários países e, sobretudo, com Portugal, pelo que não há razões para estar preocupado”, disse Patrice Trovoada.
O primeiro-ministro acrescentou que São Tomé e Príncipe tem relações bilaterais com muitos países e “nós não precisamos de Portugal para relacionar com outros países. Sejamos claros – se um país europeu quer manifestar preocupação fala comigo. Não fizeram isso, mas nós lidamos bem com toda gente”, concluiu.
E adiantou o primeiro-ministro, Patrice Trovoada: “Nós somos soberanos. Temos a relação que temos com toda a gente, eu dou muito bem com muitos países europeus, eu não preciso de passar por Portugal para falar com a Europa. Se a Europa também precisa falar comigo, não precisa também de passar por Portugal. Aqui há o respeito de soberania, há respeito das regras diplomáticas”, esclareceu.
Patrice Trovoada deixou também claro que a Rússia, “eu quero também lembrar, que muitos países europeus, embora a situação de conflito com a Ucrânia, continuam a importar gás, petróleo e urânio da Rússia, que em princípio deve servir para melhorar a situação financeira da Rússia, que, por sinal, deve servir para continuar a guerra com Ucrânia. Então, somos um país livre, independente, soberano, adulto, – eu penso que do lado do governo português não há nenhum problema, o que é preciso é esclarecer as opiniões públicas”.
“Nós com Portugal temos uma cooperação antiga e profunda”, continuou Patrice Trovoada, argumentando que a presença permanente da marinha portuguesa em São Tomé e Príncipe “enquadra-se num âmbito muito mais largo com a nossa cooperação com a NATO e também no quadro da segurança no Golfo da Guiné”.
“Isto é uma prova do nível de cooperação que existe com Portugal e com países membros da NATO, que é um nível diferente comparado com qualquer outro país, mesmo com Brasil que tem também cá presença para formar fuzileiros navais”, explicou ainda Patrice Trovoada.
Quanto aos exercícios militares Obangame Express 2024, o primeiro-ministro são-tomense vê como exemplo de cooperação com Portugal e com países da Nato.
“Como veem, estamos aqui no exercício internacional que visa proteger o Golfo da Guiné, mas também, para proteger a exportação de matérias primas que não vão para a Rússia, vão para os países ocidentais. O comércio no Golfo da Guiné é um comércio de países ocidentais. Nós estamos a participar com EUA, França, Dinamarca, Espanha e Portugal na defesa do comércio, numa situação que beneficia os países ocidentais, os portugueses, e também são-tomenses e africanos”, concluiu Patrice Trovoada.
Fim/RN